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A Horta da Formiga, uma iniciativa da Lipor

“A Horta da Formiga nasce com essa missão de criar um cidadão mais consciente.”

Susana Freitas é licenciada em Engenharia do Ambiente e do Território e com mestrado em Economia e Gestão do Ambiente. Faz parte dos grupos de trabalho da Lipor “Grupo da Prevenção” e “Aderir” onde se desenvolvem e estudam diversas iniciativas nestas matérias.

De que forma a premissa da Lipor, em educar, formar, informar e partilhar conhecimentos, está presente na criação da Horta da Formiga?

A Horta de Formiga nasce como um complemento a uma estratégia integrada de gestão de resíduos. Para além do tratamento de resíduos que fazemos em parceria com os 8 municípios associados que constituem a Lipor, foi pensada uma estratégia que visa tirar o máximo partido do que as pessoas deitam fora.

Todos nós somos produtores de resíduos, temos uma co-responsabilidade nesta questão e, quando pensamos no tratamento, também pensamos nas medidas que ajudam a consciencializar, educar e formar as pessoas para terem atitudes mais sustentáveis. E é aqui que nasce então a Horta da Formiga.

Todos podemos, enquanto cidadãos, contribuir de alguma forma! Por exemplo, os biorresíduos são resíduos que vêm das nossas cozinhas, das nossas hortas e jardins – as folhas secas, os produtos das podas – e que é muito importante tratar e gerir para dar a melhor solução possível. Não nos podemos esquecer que o que alimenta a terra é a matéria orgânica, que vem desta fração.

A Horta da Formiga nasce com essa missão de criar um cidadão mais consciente, tentando mostrar o papel que cada um de nós pode ter: fazendo compostagem caseira, fazendo uma agricultura sustentável, reduzindo o desperdício alimentar.

A missão da Horta da Formiga é preventiva e educativa, mostrando que é tão importante reciclar os biorresíduos, como o papel, vidro e embalagens, mas também ter um consumo mais consciente e sustentável.

A Horta da Formiga tem o objetivo de mostrar o que pode ser feito num apartamento e em habitações com jardim, assim como nas escolas, mostrando às crianças de onde vêm os alimentos, o que é que podemos fazer com eles nas nossas cozinhas, e o que é que podemos fazer com as cascas, apresentando a compostagem como uma solução.

A Horta da Formiga é um espaço que podem visitar e que oferece um plano de educação ambiental para as escolas. No website da Lipor existe uma área específica para agendar as visitas, sendo que neste momento fazemos mais visitas virtuais, devido à situação pandémica, mas esperamos brevemente retomar as visitas presenciais. Fazendo o agendamento, podem usufruir da Horta da Formiga. 

Quais têm sido os principais contributos da Horta da Formiga para a Educação Ambiental em contexto educativo?

Procuramos interligar a educação ambiental com as disciplinas/temáticas escolares. Até mesmo com a matemática podemos brincar usando a questão ambiental, por exemplo, com o projeto ‘Dose Certa’, as crianças pesam o desperdício alimentar e ao brincarem com os números, aprendem sobre matemática e educação ambiental.

Este plano de educação ambiental tem uma narrativa de base, interligada com o contexto educativo, para que a história faça sentido. Por isso, pode ser aplicada a várias disciplinas, desde a educação para a cidadania, ciências ou biologia.

As crianças são uma fonte inspiradora para todos nós, com a sua abertura de espírito para ouvir e para partilhar as suas experiências. São um veículo muito importante para fazer chegar a mensagem a casa. São uns aliados fundamentais! A atuação junto da comunidade escolar é muito importante, porque trabalhamos com crianças numa fase apta para desenvolver e criar uma cultura diferente, mais sustentável. Além disso, temos o projeto Geração + que promove diferentes temáticas junto das escolas, onde o envolvimento das crianças é fulcral. 

Como é que os princípios da Horta da Formiga se enquadram nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU?  

Nesta matéria, a Lipor tem um conjunto de projetos que tocam a questão dos ODS, nos quais a Horta da Formiga também está incluída. Mas temos outras vertentes, como a requalificação do rio Tinto que responde aos objetivos de ‘Água potável e saneamento’ e de ‘Educação de qualidade’. 

Ao trabalhar a questão dos biorresíduos tentamos trabalhar todo o ciclo do alimento, ensinando a produzir através de uma agricultura sustentável e criando as hortas comunitárias que temos espalhadas pelos 8 Municípios Associados.

Esta resposta enquadra-se no objetivo ‘Produção e consumo sustentáveis’, mostrando que, pelo facto de produzirmos os alimentos de uma forma mais sustentável, estes vão ter outro sabor e outra qualidade; ao valorizarmos o que estamos a consumir nos tornamos mais exigentes com os alimentos que compramos.

Cada vez mais, tentamos ampliar o leque do público-alvo porque percebemos que temos que educar crianças, mas também os adultos. Estes últimos também têm um papel muito importante porque são quem faz as compras, a reciclagem e ainda educam as gerações futuras. Por isso, começámos a trabalhar não só com as crianças mas também com os adultos; desafios diferentes mas igualmente interessantes.  

Qual o papel da Educação Ambiental na promoção da cidadania ativa?

É muito importante quando existe conhecimento e informação que sustentem atitudes corretas. Se todos entregarmos os resíduos, conscientes do ciclo de reciclagem e tratamento, atuamos colaborativamente percebendo o papel de cada um de nós neste processo. Se todos, enquanto cidadãos, tivermos uma cultura ambiental e social mais consciente, promovemos a participação ativa e a responsabilidade social.

O mais importante é que as escolas percebam que a componente ambiental está incluída em cada uma das disciplinas que lecionam e que, ainda que seja um pequeno passo, é muito importante para o futuro das nossas gerações, do nosso país e do nosso mundo.  

Na sua opinião, quais são os benefícios do contacto com a natureza do ponto de vista educativo?

O facto das crianças estarem num espaço como a Horta da Formiga, ao ar livre, a ver as coisas acontecer, o poderem tocar e mexer, é incrível. Neste momento complicado, não são só as crianças que estão a precisar deste espaço verde, mas todos nós.

Perceber que uma planta tem uma folha estragada, mas que isto faz parte do seu ciclo natural, perceber que a maçã vem de uma macieira e não de uma prateleira no supermercado, tudo isso é importante.

Também a responsabilidade de tomar conta, de cuidar, acaba por desenvolver outras competências de cidadania, que as crianças acabam por transportar para outros contextos.  

Que outras iniciativas de Educação Ambiental da Lipor podem ser colocadas em prática nas escolas?

Através do projeto ‘Geração +’, trabalhamos todas as componentes relacionadas com o ambiente, não só a questão dos resíduos, mas também do desperdício da água e do desperdício energético, junto de vários públicos-alvo.

Trabalhamos também à medida das necessidades de cada instituição e de cada público-alvo, adaptando-nos à realidade com a qual nos deparamos: se é um espaço que já tem compostagem e corre bem, vamos incidir sobre uma temática que ainda carece de melhorias. 

Em termos de biorresíduos, os principais projetos que temos são o ‘Horta à Porta’, o ‘Dose Certa’, o ‘Embrulha e o ‘Terra à Terra’ (Compostagem caseira e comunitária). Este projeto da compostagem caseira e da compostagem comunitária, onde estamos a trabalhar com juntas de freguesia para as tornar sustentáveis, é um projeto integrador e com um público-alvo bastante desafiador e interessante.

Temos também a componente formativa da Academia que pode ser frequentada por todos curiosos e interessados em aprender sobre desperdício alimentar, agricultura biológica, entre outros temas relacionados com o ambiente.

No âmbito do projeto ‘CREW’, direcionado para a reparação de equipamentos elétricos e eletrónicos, dinamizamos ‘Repair Cafés’ e outras iniciativas. No projeto ‘Upcycling’ dedicado à recuperação de têxteis e outros materiais, com a componente de design incorporada, tentamos conciliar o ecodesign para que os produtos se mantenham na cadeia. O ‘Parque Aventura’ e a sua requalificação permitiram abrir as portas para que as pessoas possam usufruir de um espaço que anteriormente era um aterro sanitário e que neste momento é um parque de diversão.

Na Lipor temos grupos multidisciplinares direcionados para diversas temáticas ambientais e que potenciam o resíduo como recurso, sempre complementados com educação e informação à comunidade.

Saiba mais sobre a Horta da Formiga e outras iniciativas da Lipor aqui!

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