Programa e-Bug: aprendizagem para o bom uso dos antibióticos

“Protege a tua saúde, protege os antibióticos”

Dulce Pascoalinho é médica intensivista na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, onde Coordena o Programa de Assistência à Prescrição Antibiótica, e é colaboradora do Programa Prioritário de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA) da Direção-Geral da Saúde, no âmbito do qual é a Coordenadora Nacional do e-Bug PT.

Teresa Valente é professora de Biologia e Geologia no Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, onde coordena o Projeto de Educação para a Saúde e é responsável pela implementação do Programa e-Bug.

Como surgiu a ideia de implementar o projeto e-Bug em Portugal?

Dulce Pascoalinho: O e-Bug é um programa Internacional de literacia em saúde e educação para a cidadania, focado na prevenção das infeções e no uso responsável dos antimicrobianos, mais conhecidos como antibióticos. Este programa é coordenado pela UK Health Security Agency, que corresponde à Direção-Geral da Saúde (DGS) em Portugal, e é operacionalizado através de um consórcio internacional, do qual a DGS faz parte.

Em Portugal, a implementação é feita através de uma parceria entre a DGS, a Direção-Geral da Educação e o Infarmed. O projeto surgiu da necessidade identificada de educar, modelar comportamentos, e promover mudanças sustentadas ao longo do tempo tanto na prevenção das infeções como no uso correto dos antibióticos. O lema do e-Bug PT é “Protege a tua saúde, protege os antibióticos”.
A necessidade de prevenir infeções é algo que a comunidade em geral entende com facilidade, especialmente depois da pandemia, que veio reforçar a perceção da importância de evitar a transmissão de doenças. No entanto, a consciência dos riscos para a saúde pública associados ao uso inadequado dos antibióticos é mais difícil de transmitir, e muitas pessoas ainda não percebem a verdadeira dimensão do problema.

Os dados do Eurobarómetro de 2022 são interessantes para compreender esta falta de literacia e a dificuldade da compreensão. O questionário feito em Portugal diz-nos que em 2022 ainda havia 58% dos inquiridos que acreditavam que os antibióticos eram eficazes contra vírus – 58% é muito!. E que 45% estavam convencidos que os antibióticos serviam para tratar constipações. Estamos a falar de números bastante substanciais na população portuguesa da crença de que estes fármacos servem para tratar infeções virais e servem para tratar constipações; que é incorreto, porque só servem para tratar infeções bacterianas. Simultaneamente, 86% das pessoas respondiam que sabiam que os antibióticos perdiam a eficácia, quanto mais eram utilizados, ou seja, pela exposição.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca a resistência aos antimicrobianos entre as dez principais ameaças à saúde pública. A Comissão Europeia, por sua vez, considera-a uma das três maiores preocupações nesta área. Dados publicados indicam que, em 2019, cerca de 5 milhões de pessoas morreram no mundo devido às consequências da resistência aos antimicrobianos e à consequente impossibilidade de tratar infeções. Se não forem tomadas medidas para reverter esta tendência, estima-se que, em 2050, a resistência aos antibióticos possa causar mais mortes do que doenças como a diabetes ou até o cancro.

Muitos especialistas chamam a este fenómeno o “tsunami silencioso”. É uma pandemia real, mas que não se manifesta de forma imediata e avassaladora, razão pela qual muitas pessoas não se apercebem da sua gravidade. No entanto, estamos perante um risco de retrocesso civilizacional muitíssimo significativo. A medicina moderna, incluindo cirurgias complexas, tratamentos oncológicos e a utilização de imunossupressores para doenças crónicas, só é possível porque temos antibióticos eficazes. Sem eles, os riscos associados a estes procedimentos tornam-se incontroláveis.

No passado, antes da descoberta dos antibióticos, a esperança média de vida nas sociedades desenvolvidas rondava os 50 anos. Muitas pessoas morriam de infeções, especialmente em idades jovens, e a mortalidade infantil era elevadíssima. Hoje, em Portugal, a esperança média de vida é de 80 anos – um aumento que se deve, em grande parte, à existência dos antibióticos. Se perdermos a sua eficácia, estaremos a recuar drasticamente no progresso da saúde pública.

Há ainda outra questão fundamental: os antibióticos não são seletivos. Eliminam tanto as bactérias patogénicas, responsáveis por infeções, como as bactérias benéficas que fazem parte do nosso microbioma e são essenciais para a nossa saúde. O microbioma, ou seja, o conjunto de microrganismos que compõem o nosso organismo, tem um papel essencial no desenvolvimento do sistema imunitário, na absorção de nutrientes e até no funcionamento do sistema nervoso central. Estudos indicam que desequilíbrios no microbioma intestinal podem estar associados a alterações do desenvolvimento e comportamentais. Isto significa que o uso excessivo e inadequado de antibióticos não afeta apenas a resistência bacteriana – pode também ter consequências no desenvolvimento humano, especialmente nas crianças, com impactos que podem durar toda a vida.

No fundo, a implementação do e-Bug em Portugal enquadra-se num plano nacional de prevenção e controlo das infeções e resistências aos antimicrobianos. Na realidade, porém, faz parte de um esforço global que deve ser partilhado por todos, pois nenhum país está imune nem conseguirá, sozinho, debelar este problema. O objetivo do e-Bug é promover a literacia em saúde, capacitando os cidadãos para adotarem comportamentos responsáveis, tanto na prevenção de infeções como no uso correto dos antibióticos. É essencial sensibilizar a população, desde cedo, para a importância de preservar a eficácia destes medicamentos. Por isso, reforçamos a mensagem: “Protege a tua saúde, protege os antibióticos”. Se queremos garantir um futuro onde a medicina moderna continue a salvar vidas, temos de agir agora.

No contexto português, quais foram as principais adaptações feitas ao programa e-Bug para se alinhar com a realidade das escolas e do sistema educativo?

Dulce Pascoalinho: Sendo um programa originalmente desenvolvido no Reino Unido, alguns aspetos não estavam totalmente alinhados com o contexto português. Para essa adaptação, a parceria com a Direção-Geral da Educação foi essencial desde o início. A Direção-Geral da Educação envolveu 10 agrupamentos de escolas como parceiros e colaboradores no projeto piloto. Uma das primeiras adaptações foi ajustar os níveis de ensino do programa aos níveis de ensino portugueses, que diferem dos do Reino Unido em termos de faixas etárias. Durante o processo de tradução, realizámos uma revisão técnica do lado da saúde, garantindo que todos os planos de sessão estivessem alinhados com as diretrizes nacionais. Foram eliminados exemplos específicos do Reino Unido, sendo substituídos, sempre que possível, por dados nacionais. Do ponto de vista da educação, os agrupamentos de escolas dividiram o trabalho por níveis de ensino e fizeram a revisão dos materiais. Esta revisão teve um duplo objetivo: assegurar que a linguagem fosse adequada a cada nível de ensino e ajustar a terminologia ao contexto português. Além disso, foi realizado um mapeamento de todos os planos de sessão, identificando ligações possíveis aos curricula de várias disciplinas. O objetivo foi facilitar a integração destes conteúdos numa abordagem transdisciplinar.

Os professores desempenharam um papel fundamental na compreensão e implementação deste modelo, que considero ser um verdadeiro ponto de viragem para o e-Bug, permitindo que os docentes utilizem os conteúdos de forma integrada no ensino.

Teresa Valente: No processo de revisão, não envolvemos um número muito elevado de professores, sobretudo porque o tempo disponível era curto. Assim, cada agrupamento ficou responsável por um conjunto de materiais, analisando-os tanto do ponto de vista da linguagem como da adequação pedagógica.

De forma geral, o material já estava bem estruturado e organizado, pelo que a nossa intervenção foi relativamente limitada. O desenho deste programa está plenamente alinhado com o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e com o plano de desenvolvimento da cidadania. De que forma? Primeiro, porque, de acordo com este perfil, a escola deve criar um ambiente propício à mobilização e articulação das diversas literacias e competências essenciais para os alunos. Além disso, a estrutura do programa permite que todas as disciplinas integrem os temas do e-Bug nas suas aprendizagens.
A ideia foi encontrar em cada disciplina uma forma de abordar as aprendizagens essenciais através destas áreas temáticas, tornando o ensino mais transversal. Para mim, foi natural identificar as ligações com as Ciências. O desafio foi, então, mostrar aos colegas de Português, Inglês, TIC ou Matemática que também podiam integrar estas temáticas nos seus planos de aula. Muitas vezes, os professores destas disciplinas estão focados nos exames – e com razão –, mas a resistência inicial foi um obstáculo que tivemos de ultrapassar.

O nosso processo consistiu em analisar as aprendizagens essenciais de cada disciplina e encontrar formas de as trabalhar com base nas temáticas do e-Bug. Por exemplo, na disciplina de Português ou Inglês, onde se trabalha a comunicação oral e a produção de textos, porque não explorar os microorganismos úteis e patogénicos? Em TIC, podíamos aproveitar as ferramentas digitais para trabalhar os mesmos temas que foram abordados nas outras disciplinas.

Na primeira reunião que realizo com os professores para apresentar o programa, surgem sempre dúvidas sobre como implementá-lo. Dou o exemplo de uma colega de Espanhol que, inicialmente, não sabia como integrar o e-Bug na sua disciplina. No entanto, conseguiu desenvolver trabalhos fantásticos, e os seus alunos até criaram modelos de microorganismos e irão apresentar os seus projetos em Espanhol.
O mais interessante é que os professores acabam por mudar a sua perspetiva e percebem que o programa não interfere negativamente nos conteúdos que precisam de ensinar – pelo contrário, acrescenta valor ao processo de aprendizagem. Sei das limitações de tempo dos professores, mas, em conjunto, procuramos soluções flexíveis para integrar estas temáticas de forma natural, respeitando sempre o Perfil dos Alunos e as Aprendizagens Essenciais. O mais importante é que estas competências estão diretamente relacionadas com bem-estar, saúde e ambiente – áreas fundamentais para a formação dos nossos alunos.

A nossa atenção centrou-se, sobretudo, na componente experimental. Agora que começámos a aplicar o material em contexto real, percebemos que há aspetos que podem ser melhorados ou ajustados. Uma coisa é rever o material, outra é utilizá-lo na prática, e só nesta fase é que identificamos pormenores que podem ser aperfeiçoados. Na nossa escola, temos vindo a fazer essas adaptações em determinados protocolos experimentais, ajustando-os com base na experiência prática.

De que forma o desenho deste projeto responde à necessidade de promover a literacia em saúde e a educação para a cidadania?

Dulce Pascoalinho: É relativamente fácil reconhecermos o potencial da comunidade escolar como motor de mudança e de cidadania ativa. Aproveito para citar a Doutora Eulália Alexandre, Subdiretora-Geral da Educação e entusiasta deste programa, que disse que “Portugal começou a reciclar quando os meninos do pré-escolar começaram a reciclar”. Quando a ouvi dizer isto, pensei: “Estamos no caminho certo!”. Recordo-me frequentemente desta frase, pois acho que resume bem o percurso que devemos seguir. Temos, portanto, o potencial da comunidade escolar e das crianças, que representam um enorme recurso, tanto pelo que serão enquanto cidadãos no futuro, como pela sua influência nos ambientes em que estão inseridas. Além disso, a forma como as sessões estão desenhadas assenta em metodologias ativas, promovendo a experimentação e estimulando a inter-relação. Isso facilita a criação de projetos e atividades que não se limitam ao contexto escolar, mas que podem ser alargados à comunidade envolvente.

Do ponto de vista individual, este programa permite que as crianças adquiram competências que favorecem a adoção de comportamentos saudáveis, a prevenção de doenças e a valorização do autocuidado.

Um dos aspetos mais importantes que o programa promove no âmbito da educação para a cidadania é o desenvolvimento de uma consciência do Eu na interação com os outros, ou seja, como é que as minhas ações interferem com tudo o que me rodeia, com os outros e com o ambiente. Isto torna-se evidente quando trabalhamos, por exemplo, o tema das vacinas e exploramos a imunidade de grupo – “qual é a minha responsabilidade e qual o impacto nas pessoas à minha volta?” O mesmo acontece quando abordamos infeções sexualmente transmissíveis, bem-estar animal ou a perspetiva da Uma Só Saúde – que interliga ambiente, animais e seres humanos. Os conteúdos do programa, por si só, já permitem desenvolver a cidadania, mas a forma como podem ser trabalhados multiplica esse potencial.

Teresa Valente: Ao planearmos o programa desta forma com um grande foco na experimentação, conseguimos criar trabalhos incríveis. Os alunos demonstram muito entusiasmo. Mas não me refiro apenas à componente laboratorial das Ciências – todas as disciplinas podem criar atividades práticas com base nestas temáticas. Vi apresentações orais excecionais, nas quais os alunos tiveram de fazer pesquisas, organizar materiais e apresentá-los – tudo isto desenvolvendo competências que fazem parte do Perfil de Saída do Aluno. Para incentivar esta abordagem, organizámos semanas de trabalho colaborativo. Planeamos atividades com base nas aprendizagens essenciais e competências de cada disciplina, selecionando áreas temáticas relevantes para os alunos trabalharem. Os resultados foram impressionantes, com os alunos totalmente envolvidos na realização de projetos inovadores. Aplicámos o programa ao 6.º ano, ao pré-escolar, ao 1.º ciclo e, mais recentemente, ao 9.º ano. A cada ano, surgem novas ideias e oportunidades de melhoria. Um exemplo interessante foi quando, ao abordar o tema da resistência aos antibióticos, um grupo de alunos sugeriu organizar uma palestra com um médico conhecido. Eles próprios trataram do convite e da organização do evento, enriquecendo ainda mais o programa.

O e-Bug está desenhado para que os professores possam utilizá-lo sem grande carga adicional de trabalho. No entanto, é fundamental estarmos abertos a novas ideias e permitir que os alunos contribuam para o desenvolvimento das atividades. O nosso objetivo na escola é expandir progressivamente a implementação do programa e formar transmissores e-Bug – os alunos -, que levarão esta informação para casa e influenciarão as suas famílias. O impacto não será imediato. Pode demorar um ou dois anos até vermos mudanças significativas. Mas, com a progressiva introdução do programa em diferentes níveis de ensino, acredito que conseguiremos atingir um efeito multiplicador. Não só os alunos, mas também os professores e funcionários da escola acabarão por integrar estes conhecimentos e difundi-los.

Da experiência com a implementação do projeto em contexto escolar, qual a vossa perceção sobre os desafios encontrados?

Dulce Pascoalinho: Do ponto de vista macro, de quem tem de tentar operacionalizar o programa a nível nacional, o maior desafio é mesmo conseguir fazer chegar aos professores e educadores a informação de que o programa existe. Fizemos um levantamento na reunião final do e-Bug, com o auxílio da Direção-Geral da Educação, que consistiu num questionário dirigido a todos os agrupamentos de escolas do país. Cerca de 30% dos agrupamentos responderam ao questionário e, destes, mais de 50% desconheciam a existência do programa. Por isso, um dos desafios está em chegar aos professores e educadores, que são precisamente quem queremos que utilize esta ferramenta.

Depois de conseguirmos chegar até eles, o próximo passo é captar o seu interesse e ultrapassar dois grandes receios. O primeiro é o da perda de tempo letivo, pelo que é fundamental esclarecer que o e-Bug não necessita de um tempo letivo próprio para ser lecionado. Pode ser integrado nos tempos letivos existentes, utilizando os conteúdos do programa, sem retirar horas ao currículo. Sabemos que esta é uma preocupação transversal. O segundo receio, como referiu a professora Teresa, está na utilização autónoma destes conteúdos por professores de áreas fora das ciências.

Desde o primeiro dia, o grande desafio que lancei aos agrupamentos de escolas com o programa piloto foi precisamente sair do nicho das ciências e da biologia. Enquanto o programa estiver restrito a estas áreas, não estamos a promover literacia, nem educação para a cidadania – estamos apenas a limitar a disseminação do conhecimento. Para que haja uma verdadeira disseminação da informação e da literacia em saúde, é fundamental que os professores de ciências não monopolizem o programa, mas que, pelo contrário, promovam a sua implementação noutras disciplinas.

Os agrupamentos de escolas desenvolveram trabalhos fantásticos, mas a estratégia das “semanas e-Bug”, em que todas as disciplinas trabalham, numa mesma semana, com conteúdos do programa, é precisamente o que se pretende. Esta é a experiência que precisa de ser amplamente partilhada.
Os grandes desafios passam, assim, por massificar a implementação do programa, garantir que chega aos docentes e ultrapassar os dois receios principais: a gestão do tempo letivo e a insegurança em lecionar conteúdos fora da respetiva área de conforto.

Após a implementação do projeto, que feedback tem recebido da comunidade educativa?

Teresa Valente: Em relação ao feedback, realizamos sempre inquéritos para avaliar o impacto do programa no trabalho desenvolvido pelos alunos. De um modo geral, os alunos gostam muito destas semanas de trabalho colaborativo e de explorar estas áreas temáticas, porque descobrem coisas novas, realizam trabalho experimental, trabalham em grupo e, no final, apresentam resultados que, noutras disciplinas, provavelmente não conseguiriam obter apenas com os conteúdos tradicionais. Por exemplo, nas disciplinas de línguas, criaram ebooks, e o impacto global foi extremamente positivo.

O que ainda nos falta, é o feedback dos encarregados de educação. É verdade que, quando os pais vêm à escola para as reuniões, manifestam o seu agrado pelo facto de os alunos estarem a trabalhar estas temáticas, mas ainda não temos essa recolha de informação sistematizada através de inquéritos. Esta será uma das nossas metas para a próxima edição: a necessidade de aplicar inquéritos não só aos alunos, mas também às famílias, para avaliar o impacto real do programa.

Dulce Pascoalinho: Lembro-me de que, no evento de lançamento do programa, que decorreu no AE do Montijo, e onde estiveram presentes a Diretora-Geral da Saúde da altura, a Dra. Graça Freitas, e o diretor do PPCIRA à data, o Prof José Artur Paiva, estávamos em plena pandemia e só nos encontrámos presencialmente com os restantes professores dos agrupamentos de escola piloto em 2023. Nesse evento, houve alunos que participaram numa primeira aula, que foi filmada, com a atividade da pimenta. Recordo-me de estarmos a chegar aos pavilhões onde decorriam as atividades, quando viemos ao encontro da diretora da escola, a professora Alexandra. De repente, um aluno correu na sua direção, radiante, e exclamou: “Professora Alexandra, esta foi a melhor aula que tive na vida!” Nesse momento, pensei: estamos no caminho certo.

Depois, organizámos um concurso de vídeos com dois temas: “Trabalhar com o e-Bug é fabulástico” e “Crianças e jovens ensinam aos adultos o bom uso dos antibióticos”. Os alunos criaram os guiões e gravaram pequenas encenações, onde ensinavam uns aos outros os erros comuns e a forma correta de agir. Num dos vídeos, por exemplo, retrataram uma avó que tomava comprimidos emprestados pela vizinha, explicando os riscos desse comportamento. Foi um trabalho extraordinário, pois já estavam a transmitir os conhecimentos para casa e para a sua vida familiar.

No que diz respeito ao feedback sobre a utilização do programa, a equipa no Reino Unido disponibilizou-nos uma ferramenta de monitorização a partir de outubro de 2023. Desde então, registámos: 7.977 sessões iniciadas, 16.295 downloads, 4.994 utilizadores distintos e 23.264 visualizações de conteúdos.
Os dados são muito positivos. Através do mapa da ferramenta, conseguimos perceber que o programa está a ser utilizado em todo o território nacional, incluindo na Madeira e nos Açores. A nível internacional, temos utilizadores não só em países de língua portuguesa, como também em Timor-Leste, Indonésia, Estados Unidos da América, Espanha, França e Dinamarca. Estamos verdadeiramente espalhados pelo mundo, o que significa que estamos a contribuir para o esforço global.

É muito gratificante ver este entusiasmo dos professores e dos agrupamentos de escolas. É isso que nos dá energia para continuar a desenvolver este tipo de iniciativas, porque o futuro da saúde constrói-se no presente das nossas escolas.

Quais os próximos passos do projeto e de que forma é que as escolas podem usufruir do mesmo?

Dulce Pascoalinho: Neste momento, o nosso grande foco é massificar o programa, pois ainda não conseguimos fazer totalmente. A entidade responsável no Reino Unido passou por uma grande reestruturação e, atualmente, conta com uma equipa dedicada ao e-Bug. Isso tem permitido um trabalho mais profissional, com um maior estímulo às parcerias colaborativas e ao envolvimento dos parceiros. Por outro lado, também enfrentamos desafios.

Teresa Valente: No contexto escolar, o grande desafio neste momento é replicar o programa em mais níveis de ensino e encontrar formas de medir o impacto do trabalho desenvolvido com os alunos e professores. Além disso, é fundamental perceber como esse impacto se reflete na comunidade, nomeadamente junto dos encarregados de educação, de outros intervenientes do agrupamento, como os assistentes operacionais e os restantes professores.

Saiba mais sobre o programa e-Bug e aceda aos recursos here.

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