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Entrevistamos profissionais da educação em Portugal.

Vivências de profissionais da educação em Portugal.

Aqui protegemos a identidade dos/as entrevistados/as e libertamos a sua voz para partilhar as suas vivências na área da educação em Portugal.

Cada professor tem uma experiência única ao longo da sua formação e início de carreira.
No meu caso em concreto, a minha formação foi em Gestão de Empresas e posteriormente em Gestão de Marketing, visando satisfazer a minha curiosidade em saber o que leva o consumidor a comprar.
Os primeiros empregos que tive foram ligados a áreas comerciais, pelo gosto em comunicar e a aconselhar o cliente, de acordo com o produto/serviço que procura. Fui adquirindo conhecimentos em várias áreas técnicas e o apreço em transmitir as minhas aprendizagens foi se adensando. Comecei então a dar formação profissional na área da gestão, partilhando um pouco da experiência adquirida no trabalho. O contacto com os alunos foi bastante desafiante e gratificante, daí querer continuar a dar aulas. Candidatei-me aos concursos e fui ficando, fiz a profissionalização em serviço na área de Economia e Contabilidade, Grupo 430 e desde então sou professora a tempo inteiro.
Hoje em dia as preocupações das crianças e jovens podem ser diversas, variando com a idade, contexto familiar, contexto socioeconómico e cultural. Contextos familiares disfuncionais podem ter um impacto significativo na concentração, desempenho académico, desenvolvimento emocional, social e cognitivo dos estudantes. Crianças em ambientes familiares desestruturados podem manifestar distrações frequentes e desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade cujo impacto negativo na aprendizagem é notório. Esses contextos familiares podem estar associados à falta de recursos financeiros, cuja consequência mais premente resulta na falta de acesso a materiais de apoio pedagógico, internet, livros e outras ferramentas necessárias à aprendizagem.
Outro fator de extrema importância patente no funcionamento do tecido social é a circunstância de os pais estarem ambos a trabalhar fora de casa, durante muitas horas, faltando assim o apoio e o aconchego que antigamente as crianças de antigamente usufruíam. Assim os jovens ficam sozinhos em casa durante muitas horas, e estão desprovidos de um esteio emocional que os oriente nas suas referências simbólicas.
Dar aulas hoje em dia é um grande desafio, e nós professores temos que arranjar estratégias, não apenas para ensinar, mas também para dar suporte aos alunos que enfrentam desafios familiares.
A estabilidade para os professores, tanto em termos de ambiente de trabalho, como de salários, desempenha um papel fundamental na motivação e no apoio eficaz aos alunos.
Professores que se sentem mais estáveis e com salários mais competitivos reduzem o stress financeiro, permitindo-lhes concentrar-se mais nas responsabilidades a nível da educação, resultando num ambiente mais saudável para toda a comunidade escolar e conquistando melhores resultados.
Esta mudança é essencial e é a chave para a resolução dos problemas na gestão educacional e na melhoria do currículo dos alunos.
Relativamente às oportunidades de desenvolvimento profissional para os professores, penso que ainda haverá um caminho longo a percorrer. Deveria existir formações contínuas em áreas específicas da educação, para enfrentar os desafios de hoje em dia, como a falta de interação pessoal, a vacuidade na comunicação, as disparidades e perigos motivados pelo acesso fácil à internet.
Entre outras medidas, seria pertinente a implementação de métodos consentâneos com uma abordagem de aulas mais prática.
A transição para o ensino remoto de emergência foi um desafio significativo para professores, alunos e famílias. A adaptação rápida a novas tecnologias, a falta de interação presencial e as disparidades de acesso à internet foram alguns dos dilemas.
Nós professores mais uma vez nos adaptámos a essas novas situações, fazendo o melhor pelos nossos alunos, cujas situações insolúveis radicaram em contextos familiares difíceis de gerir.
Na minha opinião, as expetativas para a profissão de Professor, em Portugal, inclui, em primeiro lugar, uma maior valorização da educação e do professor junto dos alunos e da comunidade escolar, salários competitivos e estabilidade, os quais refletem o reconhecimento da importância da profissão na sociedade. É também essencial e urgente um maior investimento em infraestruturas e tecnologia por parte das escolas.
Procurar que o ensino em Portugal seja equiparado à União Europeia, em qualidade, na equidade, no acesso à educação, na coerência dos currículos e na promoção de competências necessárias para alunos do séc XXI, nomeadamente o pensamento crítico, a resolução de problemas, as competências sociais e digitais, de forma a promover a integração de professores e alunos configurará uma robusta ação para os desafios digitais para o futuro.
Investir na formação contínua de professores, visando que estejam atualizados em práticas pedagógicas e tecnológicas, informando-a da possibilidade de intercâmbios de práticas educacionais, similares com os padrões da União Europeia e identificar áreas de melhoria, densificam um desiderato a concretizar um equilíbrio entre a universalidade e a flexibilidade, é fundamental para um sistema de educação eficaz e bem sucedido.

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